A construção civil vive hoje o melhor momento em duas décadas. A perspectiva é de que o setor mantenha o ritmo acelerado de crescimento neste ano, puxado especialmente pelas grandes obras de infra-estrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Paralelamente, o volume de empreendimentos imobiliários vai continuar em rota ascendente porque as obras já estão contratadas.
A avaliação é do presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), João Claudio Robusti. "O crescimento de 8,8% da construção civil no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre em relação a igual período de 2007, o maior desde o segundo trimestre de 2004, não nos surpreendeu. Nossa expectativa é de que o setor encerre o ano com crescimento ainda maior, de 10,2%", prevê.
Ele observa que o grande diferencial da construção civil neste ano será a infra-estrutura, isto é, as grandes obras do governo. "Estamos em ano eleitoral", lembra. Nas suas contas, as obras de infra-estrutura deverão representar 40% do movimento da construção, seguida pela construção civil imobiliária (40%) e a construção voltada para a ampliação da capacidade produção das indústrias (10%).
No ano passado, observa Robusti, quem deu o tom da construção civil foi o mercado imobiliário, responsável por 60% do crescimento do setor, seguido pela obras civis das indústrias para ampliar a capacidade (30%) e a infra-estrutura (10%). "O que vai impulsionar neste ano será o PAC, mas existem grandes obras civis do segmento imobiliário já contratadas."
A incorporadora Agra, por exemplo, ampliou em 50% o volume de lançamentos imobiliários de 2007 para 2008. Segundo o diretor Financeiro e de Relações com Investidores, Ricardo Setton, em 2007, foram lançados R$ 1,4 bilhão e a previsão para este ano é de R$ 2,1 bilhões. "Temos visto a Selic (taxa básica de juros) subir, mas, como o crédito ainda é farto e os prazos continuam longos e chegam a até 30 anos, estamos otimistas", diz o diretor.
O otimismo também prevalece na incorporadora JHSF, que mais que triplicou o total de lançamentos no último ano. Em 2007, a incorporadora colocou no mercado imóveis que somaram R$ 720 milhões. Neste ano, o total de lançamentos deverá atingir R$ 2,2 bilhões. "Do total previsto para este ano, R$ 300 milhões se referem a imóveis destinados a consumidores de baixa renda", revela o vice-presidente e diretor de Relações com Investidores,Eduardo Câmara.
O executivo observa que a demanda está muito aquecida no momento, tanto na área residencial como na comercial, com destaque para os shoppings, onde a empresa tem forte atuação.
"Nós e o setor automobilístico não conseguimos ver desaceleração", afirma Claudio Conz, presidente da Anamaco, que reúne as lojas de construção espalhadas pelo País. De janeiro a maio, o faturamento do setor cresceu 8,5%. A expectativa das lojas de materiais de construção é fechar o ano com acréscimo de 9% a 9,5% nas vendas.