Aparelho do tamanho de uma caneta, desenvolvido pela Embraco, poderá ser acoplado a roupas, como macacão de pilotos de Fórmula 1
27 de março de 2011 | 0h 00
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Márcia De Chiara - O Estado de S.Paulo
Depois das geladeiras, a Embraco, líder mundial na produção de compressores, quer chegar mais perto do consumidor final. A empresa, que nasceu em Joinville, Santa Catarina, e completa 40 anos em 2011, está desenvolvendo um microcompressor.
Do tamanho de uma caneta, o microcompressor funciona como um aparelho de ar-condicionado pessoal. Pode ser acoplado a roupas, como macacão de pilotos da Fórmula 1, de soldados do Exército e até de bombeiros.
João Carlos Brega, presidente mundial da Embraco, hoje controlada pela americana Whirlpool, diz que já há negociações com escuderias de Fórmula 1, exércitos e corpo de bombeiros para desenvolver soluções de refrigeração em vestimentas usadas em ambientes de altas e baixas temperaturas.
Em setembro de 2010, o protótipo do macacão refrigerado foi apresentado em uma reunião com investidores na Bolsa de Nova York. "Ao final do encontro, um deles veio me cumprimentar e disse que não sabia que "tinha vida na indústria de compressores"", conta Brega.
A constatação do investidor revela que a Embraco, especializada na produção de componentes, itens praticamente anônimos que ficam dentro dos refrigeradores, inicia uma nova fase. "Quero ser uma empresa de soluções de refrigeração conhecida do consumidor ou que o produto que leve o meu compressor seja mais valorizado no mercado", afirma o presidente.
Ele destaca que a intenção da companhia não é vender um microcompressor para que a pessoa coloque na camisa. "O meu objetivo é vender a roupa refrigerada. Quando se começa abordar o cliente pela solução e não pelo produto, ele paga mais por isso", ressalta.
Nova fase. Parcerias com outras empresas para desenvolver soluções de refrigeração é um plano para os próximos cinco anos. "Esse é um dos nossos alicerces, porque o nosso tradicional, de produzir compressores, continua", diz Brega.
Animado com a nova fase, o executivo diz que o mercado de soluções de refrigeração tem um potencial enorme. Além do uso do microcompressor em vestimentas, é possível aplicar o produto na refrigeração de caixas para transporte de órgãos utilizados em transplantes, mantas para reduzir sangramentos em atendimentos médicos de urgência e também em telões de LCD usados em eventos. "Aquilo esquenta que é uma barbaridade e precisa de refrigeração."
Patentes. A chave para que a companhia iniciasse essa nova etapa de desenvolvimento foi a ênfase dada à pesquisa tecnológica. "Faça chuva, faça sol, investimos entre 3% e 4% do faturamento em pesquisa e desenvolvimento. Temos no mundo mais de mil patentes", diz Brega.
O microcompressor começou a ser desenvolvido pela companhia em 2005, pela demanda de uma empresa de informática que queria encontrar uma saída para refrigerar a CPU dos computadores. No meio do caminho, a fabricante desistiu da ideia, mas a Embraco não. Isso porque achava que conseguiria miniaturizar o aparelho.
Foram firmadas parcerias com a Universidade Federal de Santa Catarina e a Universidade de Xangai (China), e contratados especialistas da Nova Zelândia e da Suécia para tocar o projeto.
Apesar de a empresa não revelar quanto já investiu nesse novo produto, o projeto começa a ganhar viabilidade econômica. Edu Machado, gestor de Novos Negócios da companhia e que está à frente desde o início do projeto, diz que está prevista para o segundo semestre uma linha piloto do microcompressor. Ele será produzido na fábrica de Joinville (SC). Nessa etapa, o componente começa a ser testado pelas empresas parceiras para criar soluções de refrigeração.
Em 2010, a Whirlpool Latin America, divisão da qual a Embraco é parte importante e que inclui, além de compressores, eletrodomésticos da linha branca, faturou US$ 4,7 bilhões. A empresa mãe, a Whirlpool Corporation, US$ 18,4 bilhões.
Recordes
2010 foi o melhor ano da Embraco, maior fabricante de compressores do mundo. O lucro da companhia cresceu no ano passado mais de 30% sobre 2009 e o faturamento, 30%.