Quem passa pela Avenida do Estado, na região central de São Paulo, vê os Edifícios São Vito e Mercúrio em processo de demolição. A Prefeitura de São Paulo optou pela demolição dos edifícios, após várias batalhas judiciais envolvendo ex-moradores dos dois prédios. A ideia é que a região seja revitalizada e receba um parque de 5,4 mil m², que ligará o Mercado Municipal ao Palácio das Indústrias, de acordo com a administração municipal.
Construído em 1959, o Edifício São Vito possui 25 pavimentos e 600 apartamentos, mais térreo e sobreloja. O Mercúrio, erguido no mesmo ano, tem 26 andares. Ambos os edifícios sofreram degradação com o tempo, transformando-se em dois grandes cortiços, até que a Prefeitura de São Paulo optou pela demolição gradativa - o processo de implosão poderia causar danos aos prédios vizinhos, como o Mercado Municipal.
O arquiteto Rafael Gringberg Costa, autor da proposta para transformar os dois edifícios em uma fazenda vertical, afirma que ainda está em tempo de reverter o processo de demolição. Segundo seu projeto, a estrutura dos dois edifícios seria mantida para dar lugar ao cultivo de hortaliças em sistema de hidroponia. "Dá para adaptar o projeto. Seria só o caso de interromper o processo de demolição. Aproveitaríamos as estruturas existentes" diz o arquiteto. Seu projeto prevê ainda uma escola e laboratórios ligados ao cultivo em sistema de hidroponia, restaurante panorâmico e um estacionamento."Poderíamos ter vagas especiais para carros híbridos, elétricos ou a hidrogênio", diz, apostando em um futuro de energias mais limpas.
Agricultura urbana. Na avaliação de Paulo Pellegrino, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), o uso de áreas abandonadas nas grandes cidades para agricultura é uma tendência que vem ganhando adeptos no mundo todo e pode ser uma solução para São Paulo.
"É possível cultivar hortaliças e ervas, por exemplo, nas lajes de habitações populares ou em terrenos baldios", diz. "Está dentro de uma tendência de cultivo dos alimentos próximos ao centros de consumo, de um retorno às hortas no quintal", afirma o urbanista.