"Somente este ano nós crescemos cerca de 20% em comparação a 2009. Esse indicador foi o resultado da recomposição de estoques de varejistas e da mudança de cultura do brasileiro, que vê a pintura como um item de decoração", comentou o executivo, que não revela os números da empresa. "O grande negócio da pintura imobiliária é o de repintura, com 85% de todo mercado", complementou ele.
Para 2011 a expectativa da Basf é de um crescimento de 8% sobre os números deste ano. De olho nessa alta do mercado, Lacerda lembrou que a empresa está investindo cerca de R$ 100 milhões para aumentar em cerca de 70% sua capacidade de produção nos próximos quatro anos. Este montante, disse ele, tem como destino uma nova fábrica, que poderá ser erguida em Guaratinguetá (SP). Além disso, há ampliações para a planta de São Bernardo do Campo (SP) e de Jaboatão dos Guararapes (PE). Com isso, a empresa passaria a ter uma capacidade instalada de 500 milhões de litros anuais.
Nos negócios da Sherwin-Williams, fabricante de marcas como Metalatex e Novacor, o ano de 2010 também é avaliado como positivo. O crescimento do setor de tintas imobiliárias ficou cerca de 2 pontos percentuais acima da média do setor, segundo o gerente de Marketing para o segmento na empresa, David Ivy Jr., que também vê 2011 com otimismo. Dentre os segmentos cujas vendas mais crescem está o premium, de valor mais alto.
"Com o aumento do nível de emprego e de renda do brasileiro, a capacidade de investir em seu imóvel aumenta ao mesmo passo que as pessoas têm mais dinheiro para gastar", analisou ele. Ivy corroborou Lacerda e apontou como o consumidor adepto do do it yourself (faça você mesmo) como a maior parcela das vendas de tintas imobiliárias. Os incentivos federais, como a redução da alíquota do IPI e programas de obras, também foram apontados como motivadores desse crescimento do setor acima do registrado pela economia brasileira.
Alta em cadeia
O reflexo da expansão no segmento de tintas também foi sentido por fornecedores dos insumos para o setor. A Carbono Química registrou alta de 20% nas vendas de dióxido de titânio para a fabricação de tintas. A empresa também credita o crescimento aos benefícios fiscais que o setor obteve, aliados ao aquecimento do mercado imobiliário e à reforma de residências. Para 2011, afirma a Carbono, a perspectiva segue a tendência dos fabricantes, que é de expansão, neste caso, de 15% sobre os dados de 2010.
O presidente da Associação Brasileira de Fabricantes de Tintas (Abrafati), Dílson Ferreira, disse que dentre as classificações de tintas imobiliárias as que mais avançaram no ano foram a econômica e a premium, a mais barata e a mais cara, respectivamente. "A standard [cujo preço é intermediário] patinou, em função da relação custo-benefício e da variação não muito grande entre esta e a mais cara", destacou.
Ferreira ressaltou ainda que o desempenho deste ano não deverá ser isolado. Com a perspectiva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na casa de 5%, o setor de tintas deverá continuar em alta. "Excluindo o desempenho deste ano, que representou uma recuperação em relação a uma base mais fraca de 2009 em decorrência da crise, a relação entre o crescimento do setor e o do PIB é de 2 pontos percentuais acima da economia, portanto a expectativa está em média de 7%", disse o executivo.
Segundo a Abrafati, o nível de utilização do setor está em 85% e investimentos nesse segmento deverão ser feitos apenas para a otimização da capacidade produtiva. Na Basf o nível de utilização é de 90%, segundo Lacerda.
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